O que é a Cefaleia em Salvas?
A cefaleia em salvas, é uma cefaleia primária, relativamente rara e extremamente dolorosa.
A dor é extremamente intensa e repetitiva e por esse motivo alguns doentes em crise podem ter pensamentos suicidas sendo também muitas vezes denominadas de ‘cefaleias suicidas’.
Apesar da dor que estas cefaleias causam, o seu diagnóstico pode ser arrastado durante vários anos podendo demorar, em média, cinco anos.
A cefaleia em salvas tem um grande impacto na qualidade de vida dos doentes, tanto do ponto de vista social como profissional.

Sintomas e TIpos
Existem muitos tipos diferentes de dor de cabeça, contudo, a dor que é característica da cefaleia em salvas tem geralmente as seguintes características:
É extremamente intensa e repetitiva;
Atingem habitualmente apenas um lado da cabeça, na zona do olho (zona orbital);
Geralmente ocorrem sempre nos mesmos horários;
Repetem-se uma ou mais vezes por dia;
Podem durar de 15 minutos a 3 horas ocorrendo desde 1 vez em cada dois dias até 8 vezes por dia;
Surge habitualmente durante o sono, logo após adormecer ou ao despertar pela manhã;
As crises de cefaleia em salvas ocorrem habitualmente na Primavera e no Outono (na altura de solstício e equinócio);
A dor de cabeça torna-se muito intensa rapidamente – normalmente em 10 minutos.
A dor intensa é habitualmente acompanhada de outros sintomas:
Lacrimejo de um olho;
Pálpebra superior descaída;
Olho vermelho;
Pupila do olho mais pequena (miose);
Inchaço da pálpebra
Sensação de congestão nasal
Pingo do nariz
Sensibilidade à luz (fotofobia) – raro
Sensibilidade aos sons e ruídos (fonofobia) – raro
Durante uma crise, os doentes sentem dificuldade em estar calmos manifestando grande agitação e inquietação. Sendo tão incapacitante, a cefaleia em salvas também pode provocar ansiedade, insónias e depressão.
Do ponto de vista da frequência, a cefaleia em salvas pode apresentar-se na forma:
Episódica
Quando as crises ocorrem em períodos que duram de 7 dias a 1 ano, separados, por períodos livres de dor de, pelo menos, 3 meses.Normalmente, os “períodos de salva” duram cerca de duas semanas a três meses, contudo, em alguns doentes estes períodos podem ser mais prolongados. Aparecem repetidamente na mesma altura de ano com intervalos de um ou dois anos.
Crónica
Quando as crises ocorrerem durante mais de um ano sem remissão, ou com remissão por períodos de duração inferior a 3 meses. Cerca de 10-15% dos doentes, têm cefaleia em salvas crónica. A cefaleia em salvas crónica pode surgir de novo, ou evoluir da cefaleia em salvas episódica. Da mesma forma, também a cefaleia em salvas crónica pode alterar para cefaleia em salvas episódica.
Diagnóstico
Não existe nenhum exame específico para diagnosticar a cefaleia em salvas. Para confirmar o diagnóstico, o seu médico irá discutir consigo a sua história clínica (anamnese):
Localização e tipo de dor;
Início, frequência e duração da dor;
Existência de outros sintomas (lacrimejo, edema da pálpebra, sudorese da face e da região frontal, congestão nasal ou rinorreia (pingo do nariz), pálpebra descaída, sensação de inquietude ou agitação);
História familiar.
Adicionalmente…
Para excluir outras patologias, pode haver necessidade de realização de um exame físico geral e neurológico.
Dependendo da história clínica podem ser necessários exames complementares de diagnóstico (imagem por ressonância magnética ou tomografia computadorizada)
É recomendável o preenchimento de um calendário das cefaleias com os dias de dor, a intensidade, a medicação utilizada e os sintomas
associados.
Causas e fatores desencadeantes
A medicação preventiva para a cefaleia em salvas é utilizada com o objetivo de reduzir a frequência e a gravidade das crises. Contudo, estes fármacos não previnem completamente as crises nem curam a causa subjacente.
Este deve ser realizado quando o período da cefaleia em salvas começa e mantê-lo até duas semanas após o término deste episódio.
As opções terapêuticas profiláticas são ainda muito limitadas. Podem ser utilizados os seguintes tratamentos:
Influência Genética
A cefaleia em salvas parece ter alguma influência genética, uma vez que é mais comum em pessoas de uma mesma família. Os dois fatores desencadeadores/gatilhos atualmente identificados são a mudança brusca de temperaturas e alta altitude.
Influência Genética
Durante o ciclo de salvas, podemos considerar os seguintes fatores desencadeadores das crises:
- Consumo de álcool;
- Tabaco;
- Alguns medicamentos (por exemplo, nitroglicerina);
- Alterações dos padrões de sono habituais;
Histamina; - Stress;
- Outros alimentos como chocolate, café, consumo de carnes processadas, enchidos, queijos velhos, dependendo muito de pessoa
para pessoa.
Tratamento
Atualmente ainda não existe uma cura para a cefaleia em salvas. A abordagem terapêutica na cefaleia em salvas tem como objetivo de aliviar a dor, melhorar a funcionalidade dos doentes, reduzir a frequência das crises e prevenir/limitar a progressão da doença. O seu médico indicará a forma mais adequada de controlar a doença e melhorar a sua qualidade de vida.
No tratamento da cefaleia em salvas, episódica e crónica, podem ser considerados os tratamentos sintomáticos ou preventivos.
Tratamento sintomático ou agudo
- A medicação sintomática para a crise de cefaleia em salvas tem como objetivo aliviar a dor e parar a progressão do surto.
- Deve ser tomado o mais cedo possível. Por vezes pode ser difícil, pois a dor de cabeça torna-se muito intensa rapidamente – normalmente em 10 minutos.
- Por norma os analgésicos comuns que se podem adquirir sem receita tornam-se ineficazes, pois esta é uma dor muito intensa.
Com a devida prescrição e aconselhamento médico, poderão ser considerados os seguintes tratamentos:
Oxigenoterapia (oxigénio a 100%)
Deve ser inspirado numa taxa entre 6 a 12 minutos litros por minuto com máscara normobárica. Este tratamento parece ser eficaz em cerca de 75% dos doentes, sem efeitos secundários e habitualmente suspende a crise por completo ou pelo menos durante alguns dias. Se ao fim de 20 minutos não for eficaz, o tratamento deve ser alterado. A desvantagem deste tratamento é o facto de obrigar o doente a estar sentado e quito, o que para estes doentes, é muito difícil de suportar.
Triptanos
(Sumatriptano, zolmitriptano)
Tártaro de ergotamina
Lidocaína
Esta é habitualmente considerada uma terapêutica adicional.
- Durante as crises, além da medicação sintomática ou aguda, o doente pode aplicar frio ou calor no local da dor, caso esta medida ajude a reduzir a intensidade da dor.
-
Durante os ciclos existem ainda doentes que recorrem à utilização de alucinogénios em pequenas doses, contudo a eficácia desta
abordagem não se encontra comprovada e poderá ser perigosa.
Tratamento farmacológico preventivo
A medicação preventiva para a cefaleia em salvas é utilizada com o objetivo de reduzir a frequência e a gravidade das crises. Contudo, estes fármacos não previnem completamente as crises nem curam a causa subjacente.
Este deve ser realizado quando o período da cefaleia em salvas começa e mantê-lo até duas semanas após o término deste episódio.
As opções terapêuticas profiláticas são ainda muito limitadas. Podem ser utilizados os seguintes tratamentos:
Verapamil
(considerado o fármaco de primeira linha, tendo nível de evidência B)
Carbonato de Lítio
Valproato/divalproato de sódio
Topiramato
- Em casos específicos ou doentes que já tenham falhado estes tratamentos, existem outros medicamentos que poderão ser
considerados pelo médico. - Todas estas opções estão associadas a efeitos secundários significativos pelo que há necessidade de uma monitorização próxima
por parte do médico que acompanha o doente. - Os doentes refratários ao tratamento farmacológico, isto é, os doentes que não respondem a estas terapêuticas, podem beneficiar
com o tratamento cirúrgico. - Para complementar o tratamento poderão ser anda equacionados suplementos como melatonina e magnésio, contudo é
importante discutir a utilização destes suplementos com o seu médico.
Medidas Complementares
Sono
- Manter uma boa rotina de sono. Deitar-se sempre à hora habitual e cumprir um ciclo de
sono regular e saudável e evitar dormir sestas durante o dia. - Quem tem dificuldade em adormecer, poderá tentar ouvir música calma ou utilizar técnicas
de mindfullness, meditação ou relaxamento. - É ainda importante evitar a utilização de ecrãs, pelo menos uma hora antes da hora de
deitar, para evitar insónias.
Emoções
- O stress é um fator desencadeante de crises para a maioria dos doentes. Tentar controlar o
stress e a ansiedade é muito importante no controlo das crises. - Fazer atividades de relaxamento poderá contribuir para aliviar o stress, controlar a ansiedade e relaxar os músculos. Pode experimentar Yoga, meditação, mindfullness ou simplesmente deitar e relaxar ao som de uma música calma. Existem vários vídeos e aplicações que o podem ajudar a aprender estas técnicas.
- Atividades como ler, dar um passeio a pé e fazer exercício físico também contribuem para
controlar a ansiedade e o stress.